"Puta, vaca"! É a voz do Outro que, muitas vezes, se apresenta à mulher quando surge algo do erotismo feminino, da satisfação pulsional, do gozo. E o que dizer sobre o gozo da mulher a partir do tema da prostituição?
A legalização da profissão de prostituta – "profissionais do sexo" – coloca em debate a violência em relação à mulher, as leis trabalhistas e a descriminalização da prostituição. Mas, poderíamos dizer que a legalização pode ter como viés uma certa idealização, uma tentativa de regular e harmonizar o encontro entre os sexos, o gozo do homem e da mulher? Estaríamos inventando um modo de segregar a satisfação pulsional, ao colocar "os corpos e os gozos submetidos ao controle feroz do supereu"[1]?
Sabemos que o gozo sexual é um problema para todo sujeito homem ou mulher. Trata-se, então, de acompanharmos como cada falasser articulará esse núcleo opaco do gozo sexual e forjará o semblante. "O semblante do que é chamado um homem ou uma mulher. (...) Já que homens e mulheres, isso é real"[2].
Patricia Badari
EBP, São Paulo, São Paulo