Entrevista realizada por Deborah Gutermann- Jacquet
Dominique Simonnot é jornalista, ela acompanha as audiências de comparência imediata para Le Canard enchaîné. O que se apreende da época e de seu real, nos processos e, particularmente, nesses « simulacros » nos quais os casos são expedidos em vinte minutos ? Primeiro, a explosão do delito sexual que encontra no passar a mão nas nádegas uma de suas novas declinações. A pena de prisão, « um mês em regime fechado », vem cifrar e tentar preencher o incomensurável que separa o homem da mulher – que, no tribunal, recebe a nominação de vítima.
Ademais, Dominique Simonnot nota que o veredito não tem mais a última palavra. O processo virtual que na tela rejulgava à porfia o Dr Muller, acusado do assassinato de sua mulher, julgado e inocentado, interroga a capacidade do direito de fazer limitação do gozo, este voto plebiscitário que testemunha uma nova forma de fascinação para a figura do criminoso.
Nos antípodas dessa justiça « extraordinária » jaz o destino do louco, do fora dos eixos, sobre o qual a jornalista conclui seu propósito. Ela constata que a loucura, não tendo mais o abrigo da psiquiatria, se encontra condenada sem ser reconhecida.
Tradução : Vera Avellar Ribeiro
Apresentação
Dominique Simonnot criou a rubrica Carnets de justice no jornal Libération e continua, hoje, a acompanhar as audiências de comparência imediata para Le Canard enchaîné, no qual ela escreve há muitos anos.