Não quero negar que em determinados momentos sinto uma pontinha de saudades do pai do Édipo, mesmo sabendo, por experiência própria, que foi libertando-me das amarras do pai freudiano que encontrei a possibilidade de viver a pulsão de uma maneira nova que fez com que, um dia, o amor se escrevesse.

Mas tem horas em que a inquietação perante o novo com que me deparo na clínica me gera essa pontinha de saudades do pai proibidor, e isto antes de haver um Papa argentino. Mas proibir não resolve porque a verdade em jogo na proibição é um impossível: impossível evitar o desarranjo estrutural do gozo que sempre encontra seu próprio limite.

Nos tempos do "direito ao gozo", que também são os tempos das leis do "casamento igualitário" e da "identidade de gênero" não será nem proibindo nem permitindo o gozo que algo mudará no que é sua estrutura, uma vez que o próprio do falasser é "desprogramar a relação sexual gerando um desentendimento estrutural com o gozo".

Oscar Reymundo
EBP, Florianópolis, Santa Catarina