Un réel pour le XXI sciècle
ASSOCIATION MONDIALE DE PSYCHANALYSE
IXe Congrès de l'AMP • 14-18 avril 2014 • Paris • Palais des Congrès • www.wapol.org

Programme du Congrès
S'inscrire à la FÊTE
Inscription COMPLET
What's up ! NEWS
Comité d'action de l'École Une - Papers
Textes d'orientation
Affinités VIDÉO
5 minutes à la RADIO
Affinités À LIRE
Bouts de réel WAP WEB
Journée clinique
Bibliographie
Publications
Dossier de PRESSE
Informations pratiques
Les Congrès précédents
Rechercher dans le site
Loading
Suivez
@scilitwitt !
BOUTS DE RÉEL
Sacrílego Close-up
Marcela Antelo

Sacrilégio do "Noli tangere", o close up cinematográfico é magnífica prova da penetração da civilização "na fábrica do real". J.-A. Miller lendo Nabokov e seus divinos detalhes ensinou que o artificio começou com a configuração exata do coque de Madame Bovary. "Detalhar quer dizer fracionar em pedaços".

Para o cineasta Jean Epstein assim como para Miller o assunto releva da ética. Um destino possível do detalhe é sua divinização, devemos livrar-nos dela disse Miller; ter uma parte ao alcance da mão nos faz supor um todo.

Epstein diz que um close-up fora do contexto, é monstruoso, eis a alma do cinema, um sorriso abrindo como fruta madura. Porém, inquietantemente estranho, o close dá a ver o que vida diurna e suas grandes magnitudes dissimula.

As vanguardas errantes do início do século XX empuxaram para um "tangere realis", não para longe e para cima senão para perto e para baixo, para o infinitamente próximo.

Saber que o mais inquietante e perturbador reside no mais próximo e familiar é justamente uma das sabedorias que adquiriu cidadania no amanhecer do século. O fragmento, o minúsculo, a peça avulsa, pode constituir-se como um princípio epistêmico de aproximação ao homem contemporâneo.

Marcela Antelo
EBP Savador, Bahia